Anna no mundo


Existe Anna.

Uma linda mulher, mais muito linda mesmo, que sofreu um grave acidente. Mas daqueles, sério, que fico escrito no corpo e faz a pessoa ter que mudar tudo na sua vida.
Mas em vez de eu contar o lado dramático da história (que eu não conseguir ver em nenhuma fala desta mulher ainda), vou contar como é estar no “mundo de Anna”.

Anna é minha amiga (putz, eu tenho um baita orgulho de dizer isso) e ela é linda, deslumbrante, uma alegria que emana um amor desaforado pelas pessoas.
Riso tribal, de quem sabe que não estamos sozinhos.

E ela é cadeirante.

Sim, Anna é cadeirante. Mas antes de você suspirar de pena, e pensar que vou falar sobre as agruras da vida, convido a saber o que é ser da tribo de Anna.


Quando eu a conheci, foi através de uma outra amiga, Luciane. Eu precisava de um lugar para ficar em Brasília (agosto de 2011), e foi através de mensagens de email e msn que nos conectamos.
Em Anna a linguagem é feito passarinho, rápida, abreviada, um voo constante. Ela tem pressa de viver. Não foi a toa que deixei uma das minhas penas de Gavião com ela.

No planalto, quando fomos ao um show de Blues, Anna disse ao soltar do carro de um amigo, “Vamos lá pro meio do povo.”
 E eu com seu andador e empurrando a cadeira, preguei atônita:
“O quê?? Vamos ficar aqui atrás, é mais tranquilo.”
“Não, não, quero lá no meião”, e as palavras voaram no seu sorriso feminino.

E eu me diverti muito.

Quando retornei para Floripa, ganhei não uma amiga, adotei uma irmã!

Em outubro do mesmo ano, fui a Brasília novamente para outro evento. Lá estava Anna me recebendo de braços (leia asas) abertos. Beijos, abraços e no outro dia uma novidade: “Estou grávida!”, disse-me ela entre lágrimas felizes de menina-mulher.

Sim, uma cadeirante grávida.

No momento de vir embora, eu exigi que Amy (é o nome de sua filhinha) soubesse que fui a primeira a saber de sua existência.

Estar em Anna é assim, as palavras somem, a gargalhada vem fácil, o carinho escorrega pelas pernas de sereia.

Sim, uma Sereia em nosso mundo. Para disfarçar sua longa cauda de peixe, que é o motivo real de não poder andar entre nós humanos, distrai-nos na cadeira.
Mas é só imergi-la no Mar... que  você verá o navegar do seu corpo no seu mundo.

E é assim.

Quem vem ali agora?

Anna...

https://www.instagram.com/feminellaannapaula/




Anna + William = Amy