Temos
que admitir. Não damos a devida atenção ao nosso útero.
Cuidamos
da alimentação, da nossa digestão, da pele, das unhas, dos pés, das rugas, etc.
Cuidamos
para que nossos seios não “caiam”, em enrijecer as pernas, em “levantar” o
bumbum, em manter os cabelos brilhantes.
Sim.
Cuidamos da mente, coração, alma, dos nossos sentidos, do que ouvimos, do que
pensamos.
Fizemos
meditação e oramos. Desejamos o bem para as pessoas e para nós mesmas.
Mas
e o útero? Nós cuidamos dele?
Não
tanto quanto deveríamos.
O
útero nos torna coletoras das energias universais. Ele é bem mais que um órgão
reprodutor (e bastaria somente essa função para ser de extrema importância para
o mundo).
Ele
é um captador, um vaso, um receptor de almas. De almas saudáveis ou em
conflito...
Não
recebemos somente o sêmen na relação sexual com um homem, recebemos toda a
carga da energia masculina dentro de nós. E isso independe de o parceiro usar
camisinha ou não. E o mais importante, apenas dormir com um homem, nos faz
receptoras dessa energia.
Lembro-me
de que assisti surpresa a uma entrevista com Dercy Gonçalves, e ela, com sua
franqueza explícita, derramou sobre a entrevistadora (Luciana Gimenez), “a
mulher tem que se cuidar, cuidar da sua vagina, do seu útero, com amor e
respeito. Não pode sair “dando” por aí.”.
Pois
é, a louca, irreverente, doida, Dercy Gonçalves sabia se cuidar.
Mas
e como cuidamos de nosso divino útero?
Quando
compreendermos a essência feminina, iremos percebendo o tesouro que temos dentro
do ventre.
Sim,
é fato que temos que aprender a viver num mundo voltado para o masculino.
Podemos
sim ser ambiciosas, calculistas, duronas, ativas sexualmente e sociáveis, pois
a energia masculina está dentro de nós num fabuloso equilíbrio do Yin(feminino)
e Yang(masculino). Mas não podemos esquecer que o potencial feminino nunca irá
se revelar por meio de um estilo de vida no qual a extroversão, velocidade,
controle, lógica são as regras de sobrevivência.
A
fonte do nosso poder está fundada nas profundezas de um silêncio infinito.
Precisamos
aceitar que somos profundas, complexas, densas, intuitivas, oscilantes, e que
isso não é sinal de fraqueza, muito pelo contrário, é sinal de Poder. Um poder
absoluto, conciliador, gerador, vazio, lento, sereno.
Há
homens que instintivamente sabem do poder do ventre de uma mulher. Sabem que
quando precisam se renovar, nutrir, e que para isso não precisam do sexo
propriamente dito, mas sim sabem que basta se aconchegarem no corpo de uma
mulher para receberem a Energia Divina, e assim, se revigorarem.
Carregamos
esse legado, essa força interior destinada a nós pela Essência Universal.
Temos
que ter essa consciência.
Nada
nasce na luz. Tudo nasce do escuro.
A
semente dentro da terra, a profundeza dos oceanos, a vida de um ser humano que
surge dentro do escuro do útero.
Ainda
falta um longo tempo até que o sistema patriarcal, no qual vivemos, comece a
ser recolhido pela sua ineficiência. Mas durante esse tempo não devemos
permitir que esse sistema interfira na nossa estrutura interna.
Como?
Todo
o universo possui leis que ordenam todas as coisas.
O
corpo de um mulher é um pequeno universo. Ele possui suas próprias leis. Cabe a
nós não permitirmos nenhuma infração contra ele. Manter a ordem e disciplina desse
universo gera a consciência da conservação, da autoestima elevada e do conhecimento
do que somos feitas.
Aprendi
que seguindo essas orientações internas, compreendo mais profundamente a inteireza
do ser divino que somos.
Aqui
algumas dicas:
- respeite nosso tempo interno, permitindo e acolhendo nossa introspecção, nossa subjetividade, nossa necessidade de silêncio.
- não permita que nenhum profissional analise friamente (sem um acompanhamento terapêutico) nossos órgãos, principalmente os reprodutores (útero, ovários, trompas), e muito menos nossas emoções.
- tente não viver de modo superficial (baladas demais, “ficantes” demais, álcool demais, tudo demais).
- aceite nossa profundidade, complexidade, oscilações.
- acolha nossa sensualidade, insinuância, nossa poder nato de sedução sem achar que precisamos de um homem para isso.
- receba com entusiasmo que somos mais poderosas do que pensamos.
- escute-se mais. Contemple(-se) mais.
- converse com o seu útero.
- aprenda a amar o silêncio.
É
experienciando cada pedacinho do nosso ser feminino que despertaremos para o prazer
e a alegria de sermos Mulher.
"Um
coração alegre e risonho é a chave de um útero pleno e respeitado."
Beijos