Por hoje, basta a imagem para percebemos que o importante é termos consciência do que esta data (por mais que seja simbólica ou tenha sido imposta) realmente representa.
E que os presentes sejam para Ele.
E o que Ele mais deseja, mas torce, é que despertemos a luz que todos temos dentro de nós.
beijos iluminados
Fios da Lua
Hoje acordei e olhei alguns fios brancos em meus cabelos.
Anos passando tonalizante, henna, e alguma tinta menos
agressiva, olhei para eles hoje com amor
e admiração.
Meu cabelo não é preto, preto, mas sim um castanho escuro,
que às vezes cai para médio e em outras desmaia um avermelhado nas pontas, por
ser o fio muito fino.
Então, notei que os fios brancos lhe dão um ar de luz suave
da lua, de algo que sutilmente fala “...e a sabedoria tem cor”.
Não vou julgar e nem aconselhar as mulheres a não esconderem
os seus fios brancos, pois o livre
arbítrio está aí para deixar cada qual na sua escolha e gostos.
Ainda preciso trabalhar muito isso.
Por ora, estou namorando meus fios da Lua, e me sentindo muito
bem com eles.
Por ora, estou me amando profundamente e me aceitando aqui e
agora.
Inseri algumas fotos de mulheres que quando eu as olho me
vem logo a palavra gritando na garganta: PODEROSA!
Beijo da cor de luz da Lua!
Segredos: todos nós temos
Procuro
um amor / que seja bom pra mim
Vou
procurar / eu vou até o fim
(...)
E
vou tratá-la bem / pra que ela não tenha medo
Quando
começar a conhecer os meus segredos
Gosto muito dessa música do
Frejat.
Descreve uma procura verdadeira,
sem vícios de um romantismo que nos fez e ainda nos faz muito mal; não sabemos
como amar, porque estamos com a espera de “um ser” envolto pelo romantismo estereotipado que nos
mantém cegas e fracas.
A letra acima é muito forte e
real. Os homens têm seus segredos (e nós também), e geralmente esses segredos
machucam quando mantemos o véu da ignorância (leia infantilidade). Sim, porque
a palavra já diz tudo SEGREDO
Do latim secrétum lugar isolado, solidão,
secreto, pensamentos, falas secretas
Nós mulheres somos intrínsecas
por natureza, sabemos manter nossos segredos guardados nos mares e rios das
nossas águas, sabemos manter uma brasa adormecida por anos, mantemos ventos
ferozes aquietados na alma, e histórias adormecidas em nossa terra.
O homem é
extrínseco, tudo é muito exposto, um corpo que sempre está emerso, não é a toa
que sempre os seus segredos vem à tona com grande facilidade.
Mesmo a mulher intuitivamente
sabendo disso, o que mais escuto é esta frase entre nós: “Foi uma grande
decepção”.
O que fazer nessa hora?
Realmente não sei dizer, pois
cada qual sabe de sua dor.
O que eu fiz foi tentar entender
e lembrar que também tenho os meus segredos, e que se ele descobrisse também
ficaria decepcionado, magoado e com raiva. E que alguns segredos são somente
fraquezas num mundo onde a velocidade proporciona tudo muito fácil e acessível.
O que vale nessa hora?
Após a explosão (briga,
discussão, por pra fora), porque ela é necessária pois engolir nos faz adoecer,
veja se você vai conseguir lidar com isso no futuro (é bem provável que o
segredo virá a tona novamente) e se o relacionamento possui um alicerce forte
(conversas, risos, aconchego, cuidado, amor, amizade, carinho,
compatibilidades).
Porque a partir daqui os dois terão
que lidar com isso juntos. Sim, sendo que não é mais o segredo dele porque você descobriu, ou seja,
passa a ser um segredo (leia problema)
que precisa ser resolvido pelo casal.
E não existe fórmula secreta,
porque só o tempo dirá se realmente vai valer a pena continuar essa relação.
E principalmente, os dois tem que
querer resolver, aceitar, perdoar e mudar.
Porém, sempre, sempre, sempre com
gentileza, amor, carinho e respeito de ambas as partes.
Termino com o vídeo da música de
Frejat
Beijos de amor e compreensão
Infância: amigos da minha Jornada (parte I)
Nunca vi os animais como
seres menos que os humanos em todas as questão, principalmente no que diz sobre inteligência.
Mesmo porque essa palavra é muito relativa.
E também não vou ficar buscando
exemplos que comprovem a sabedoria deles; quem tem bicho perto de si sabe que
eles estão aqui para nos ajudar nessa trajetória deste planeta denso, intenso.
Já tive muito bicho. Desde pequena
não sei o que é viver sem eles. Era gato, cachorro, porquinho-da-índia (alguém
já viu?), pintinho, marreco, coelho, e lá se vão. Até comida pra rato eu já dei
(rato mesmo, daqueles tipo de esgoto).
Só não dava certo passarinho; no
dia seguinte eu abria a gaiola e ficava esperando ele sair.
Alguém já soltou passarinho da
gaiola?
Eu já soltei um monte. Meu, da
vizinha, da lavadeira, do meu vô.
Tudo começou quando eu ganhei um canário. Ganhei do meu padrasto (homem do
bem).
“Não vai soltar ele, custou muito
caro. Ganhei no pagamento de uma dívida.”.
Eu, com nove anos, no meu corpo
franzino, de joelho torto e cabelo ralo, recebi a gaiola nas mãos de unhas
sujas e maltratadas (não dá tempo de se embelezar quando você tem uma ninhada
de gato sem mãe-gata pra cuidar).
“Não pode soltá-lo, senão ele
morre de fome, tá?”, afirmou meu padrasto.
Soltar passarinho da gaiola traz
felicidade morna, quase beirando a melancolia.
No primeiro instante, ele não
sabe o que fazer. Fica lá esperando alguma coisa (comida, troca de água,
limpeza). De repente, ele olha para a portinha aberta, faz aqueles movimentos
rápidos com a cabeça... e espera. Dependendo do tempo de gaiola, tem passarinho
que nem sai, não sabe mais voar.
Tem tristeza maior que essa?
Um passarinho que não sabe voar?
Ele demorou, se aquietou, depois se
desassossegou de novo, foi lá dá uma espiada no mundo dividido e ... voou.
“Mãe, não tem o passarinho que vocês
me deram...”
“Tem”, ela respondeu.
“ Ele fugiu...”
“Fugiu como?”, com a voz curiosa.
“Não sei, quando eu voltei ele
não tava mais na gaiola”, contei.
Uma pausa nos lábios da minha mãe.
Depois de um tempinho ela pergunta:
“O voo foi bonito?”
“Foi”, respondi.
Ela sorri.
Que todos os seres sejam felizes
Que todos os seres sejam livres
Budismo Tibetano
borboletar
Nesses dias, conversando com uma
grande irmã de caminhada, que comentava sobre a complexidade de sentimentos que o
livro “Comer, Rezar e Amar” traz em suas linhas, tive um insight. Eu a ouvi atenta, confesso que
não tive a oportunidade de ler a obra, e isso me fez querer.
Terminamos o papo, e fui recolher
a roupa do varal com a conversa na cabeça.
Vi uma lagarta comendo ferozmente
minha couve. Simplesmente ali consegui visualizar com toda a claridade
possível: ela vai COMER, depois vai REZAR, e depois vai AMAR.
Que analogia forte com o ser
humano. Como a natureza nos dá lição de vida o tempo todo.
Pensei comigo: “será que Elizabeth Gilbert (a autora do livro) viu
isso antes de escrever?”
COMER REZAR AMAR = BORBOLETAR
Brincadeiras a parte (e é muito
bom brincar), ainda não li o livro “Comer, rezar e amar”, mas pensei em fazer uma intertextualidade
sobre o título, pois eu vi nele o que todos nós procuramos.
Precisamos no interiorizar, mas o que mais fazemos é sair em um incessante busca externa.
Profetas, filósofos, seres
iluminados tentam nos dizer isso a milênios, mas poucos os escutam.
Por que achamos, e às vezes
parece que temos certeza, que nosso alimento
está lá fora?
Ou ainda mais, que estamos lá fora, no lado externo e que
precisamos nos buscar.
Tudo parece mais fácil quando essa busca é externa: vou viajar para me
encontrar, vou fazer um retiro para meditar, vou fazer workshop para me
entender, vou cair na farra para me esquecer.
Acredito ser de grande valia cada
busca que fazemos externamente, sejam em seminários, vivências, viagem,
retiros, pois o sistema social em que vivemos não é fácil. E se faz necessário
essa pausa deste mundo irreal e de ilusões.
Mas é preciso saber que este é o
momento do “comer” (informações e
conhecimentos) para então levarmos para o momento do “casulo” e metamorfosear toda a aprendizagem
em sabedoria.
E onde fica este “casulo”?
É aí é que está!
É a nossa alma. É dentro de nós
que está o sagrado, a sabedoria. O que está fora é o que está dentro. "O que está
em cima é o que está embaixo" (Caibalion).
Quando nos damos contas dessa
interconexão, não precisamos sair para buscar nada. Então a viagem, o retiro, o
workshop, o seminário, a farra transmutam em vivências para compartilharmos
nossa sabedoria interna (perdoem minha redundância extrema), para
compartilharmos o amor, a compaixão, a compreensão pelo caminho de cada um.
Não sei se consegui me fazer
entender...
Mas caso tenha ficado um texto
obscuro..., é só olhar a natureza.
Parece piegas? Simplório?
Pode ser que sim, mas eu acredito
que é na simplicidade que vivemos melhor.
Beijos borboleteiros,
ps.: para aqueles que não
gostaram de “cair na farra” está entre as vivências para adquirirmos
conhecimento, vou pincelar Clarice “Perder-se também é um caminho”.
brumas e eu - um mar dentro da alma
Contar como foi a criação do meu livro Brumas da Ilha é como escrever um outro livro.
Pretendo futuramente criar um encontro, uma palestra para que eu possa expor a profundidade com que foi "gestado" este meu sonho.
Por ora, vou contar um pouco da minha biografia... da minha história com Brumas, de como "elas" chegaram até mim.
Nasci em Florianópolis no mês de
agosto de 1969. Na antiga Nossa Senhora do Desterro (é assim que está no meu
facebook), Santa Catarina, estado localizado ao sul do Brasil.
Cresci em família somente de
mulheres, minhas duas irmãs e minha mãe. Meu pai faleceu muito cedo (eu tinha 3
anos). A figura paterna me foi ausente, fui exposta a todas as oscilações
lunares que fazem parte do universo feminino dentro de uma casa sem nenhuma
interferência masculina. Imaginem um mundo de mulheres livres e selvagens, e
multipliquem isso por 100.
E eram as amigas, primas,
colegas, vizinhas, tias, mais amigas... tantas e tantas mulheres.
E nesse mundo eu cresci quieta,
observadora e um pouco introspectiva. Mas posso afirmar que fui muito amada,
sim pelo jeito peculiar de cada uma delas, mas muito amada. Hoje sei que toda a
minha vivência neste maravilhoso mar feminino foi a base criativa para poder
criar algo tão verossímil e belo como o livro Brumas da Ilha.
Quando me formei em Letras
Português pela Universidade Federal, em 2002, eu já havia passado um longo
pedaço de minha vida. Divorciada, recomeçando a vida, conversei com um dos meus
amigos sobre a ideia que já me perseguia desde 2000, escrever sobre uma das lendas mais
instigantes da minha terra: a vinda das Bruxas
para a Ilha de Santa Catarina num porão de um cargueiro. Meu amigo me olhou e
disse: “nossa... isso é demais!”.
Naquele ano, começo a sondar
tímida e solitariamente livros e textos sobre a possibilidade de escrever um
romance histórico, e não um texto acadêmico como todos esperavam.
Mas foi só em 2004, morando em
São Paulo, eu realmente inicio a intensa pesquisa que me levaria a origem desta
lenda:– a imigração açoriana à Ilha de Sta Catarina.
Começa um longo período de estudo
sobre o Arquipélago de Açores: sua história, geografia, cultura, possíveis
religiões e suas lendas. Descubro que as nove ilhas trazem muito mais do que
lendas folclóricas, há um grande mistério que envolve até mesmo o seu
descobrimento.
Na capital paulista, com
incentivo de Rogério (meu atual companheiro), passei a dedicar intensamente meu
tempo em pesquisa e estudos sobre os Açores, a história de Florianópolis e a
cosmologia matriarcal (Velha Religião). Aqui meu sonho começou a dar seus
primeiros passos.
Entre 2004 e 2005, fiz algumas
viagens até Florianópolis com intuito de
pesquisar nos acervos da UFSC e da
UDESC, só então inicio o processo de criação ficcional do Romance Brumas da Ilha.
Em 2006, retornei em definitivo à
Ilha e continuei as pesquisas e a criação. Porém, em maio deste mesmo ano,
devido às "economias" em baixa, comecei a trabalhar em uma Empresa de
Telecomunicações no Município de São José - Sta Catarina - como Redatora
Técnica.
A criação logo ficou adormecida,
pois não conseguia conciliar a jornada de trabalho de 9 horas com o
desenvolvimento de pesquisa e artístico do livro. Fiquei sem escrever, e o que
senti foi um grande aperto no peito e algo que me obstruiu o respirar.
Em setembro 2007, praticamente eu
mesma “boicotei” minha promissora carreira na empresa (eu estava no setor de
marketing de uma das melhores empresas de SC). Enviei uma carta ao presidente
com críticas para lá de destrutivas sobre a sua administração e dos acionistas.
Em dezembro do mesmo ano, peço
demissão, pois não havia mais “clima” em trabalhar em um local que eu mesma
criticara.
Hoje compreendo que foi obra do
meu “inconsciente”, algo dentro de mim gritava por criar, escrever, explanar,
fantasiar, sonhar, a me dizer para agir
de alguma forma que me fizesse voltar e terminar o meu livro.
Com o dinheiro da demissão,
"sobrevivi" até agosto de 2008. O romance estava quase terminado.
Em janeiro de 2009, faltando
poucos dias para o término da entrega dos originais ao Edital Elisabete Anderle
da Fundação Catarinense de Cultura, consegui terminar o romance e participar
com o projeto As Brumas da Ilha, no setor Letras – publicação.
Em setembro de 2009, saiu o
resultado dos projetos contemplados. Entre lágrimas, gritos, sorrisos,
surpresa, comemorei o nome do meu projeto As Brumas da Ilha na listagem final.
Em 14 de agosto de 2010, consegui
fazer o pré-lançamento Brumas da Ilha, na 22a
Bienal Internacional do Livro de São Paulo, através da minha Editora
Isis de São Paulo. Foi uma vitória!
Em 27 de agosto do mesmo ano,
aconteceu o inesquecível lançamento do romance na Livraria Saraiva do
Shopping Iguatemi de Florianópolis.
Meus amigos em peso foram,
familiares que eu não via há muito tempo, pessoas que eu não conhecia foram lá
me prestigiar e comprar o livro. Inarrável sentimento o que senti.
O retorno dos leitores é cada dia
mais gratificante, e isso nutre meu espírito, minha alma e me faz ter
consciência de que fiz tudo certo, e que ainda tenho longo caminho a
percorrer...
Depressão: um outro Olhar
É,... esse tema não é fácil de
falar e muito menos de escrever.
Mas tenho uma ânsia por conversar
sobre isso. E vou ousar fazê-lo.
O que seria mesma a depressão?
Por que há momentos em que nós “caímos”
numa tristeza profunda e (que parece) sem fim...?
Primeiramente, prefiro ver as doenças pelo prisma da medicina oriental: quando ela aparece no corpo, algo na
alma que não está bem.
Tenho uma ligeira intuição de que a depressão é uma necessidade Yin (princípio feminino) do
corpo em dizer não ao ativismo exacerbado do sistema Yang (princípio masculino)
em que vivemos.
O que poderia ser a depressão
senão abnegação ao retorno à nossa “caverna”, ao nosso “poço profundo”, às
nossas “águas escuras e lamacentas”.
Num sistema que obriga a você ser
sempre ativa, feliz, sorridente, sexy, empreendedora, consumista e ao mesmo
tempo econômica e equilibrada nas suas finanças, que exige um corpo Yang: magra, mas com seios enormes e quadril largo, não me surpreende que a depressão é a doença vilã do nosso
século.
E drogas lícitas são produzidas
em massa para negar exatamente o que é necessário a todo ser humano: o mergulho
até sua alma.
E se eu disser que esse mergulho
não dói, estarei mentindo.
Ele só não dói, como rasga,
dilacera, sangra, cria feridas; mas quando retornamos, voltamos conscientes de
nós mesmas, fortes, indissolúveis, completas.
E é disso que temos medo, da
nossa sombra, pois estamos habituadas a negar o escuro. Porque isso resulta em
solidão, e o mundo Yang renega qualquer tentativa de você ficar sozinha; renega
a introspecção, a retirada, a calmaria, a contemplação.
A boa notícia e que quanto mais
você desce, mais imerge, mais forte fica e menos tem que mergulhar tão fundo.
O ser humano é fixado em luz e
iluminação. Sim, devemos sempre nos direcionar para a luz, mas não podemos
negar a nossa sombra. Ao fazermos isso, estamos negando a nós mesmos.
Recentemente tive que entrar na “caverna”
(e há tempo que não fazia isso...). Mergulhei no lago escuro da minha alma e
realmente não gostei nada do que vi. E o pior, você precisa gostar e aceitar para
então poder saber lidar.
Fiquei dias chorando, perdida,
odiando (algo que nem sabia que podia sentir), com pena de mim mesma e não
querendo aceitar a minha escuridão.
Tive ajuda?
Sim. Não faça isso sozinha a não
ser que já esteja por demais habituada.
Mas não foi nenhum psiquiatra ou psicólogo
que me orientou (deixo claro que tenho o maior respeito por esses profissionais),
mas sim uma Mulher mais velha, uma Anciã.
Uma mistura de portuguesa,
espanhola e descendente de índios, conhecedora e guardiã de antigas tradições.
Não, não, ela não é uma xamã, curandeira ou qualquer termos utilizados para
descrever uma mulher sábia. Até muito pelo contrário.
Ela simplesmente é uma mulher que
consegue trafegar entre os dois mundos.. Uma Mentora que resolveu me ajudar.
Um encontro nas Montanhas do Sul
do Brasil (SC) que mais tarde iria mudar a visão de como eu via minha vida.
E quando nos permitirmos sermos
ajudadas, mais possibilidades, pessoas e novos caminhos emergem nos guiando
para nossa cura, nosso autoconhecimento.
Simples assim?
Sim, simples assim.
Isso não tem nada a ver com
religião, fé ou filosofia. Tem a ver com você acreditar e amar você mesma.
Acreditar que você é um ser que possui toda a sabedoria do universo dentro de
você. Saber que você faz parte de
Tudo e que este Tudo está interconectado. E que há sombra e luz, e que você deve
amá-las e aceitá-las por igual.
Feito isso, você começa a
compreender melhor o outro, e quando isso acontece sua capacidade de amar
cresce. E se começa a perceber que não existe nada e nem ninguém perfeito.
Quer um exemplo bem louco?
Numa primavera atrás, eu estava
no meu jardim e uma mosca pousou em mim. Nossa que nojo!!! Matei sem dó nem
piedade. Argh...
No mesmo dia, uma linda e pequena
borboleta azulada quase pousou em mim. Ai que emoção, que linda. Mas ela
preferiu seguir para outro lugar. E eu a segui como uma fada no bosque,.... e
fiquei estupefata quando eu vi a “preciosa” borboleta pousar em cima do “cocô”
do meu cachorro e se deleitar com tal feito.
Sim, as borboletas tem sua
sombra.... (risos).
Hoje em dia eu continuo a gostar
de borboletas, mas passei a não odiar tanto as moscas.
Então quando vir aquela tristeza
infinda, aquele momento de se recolher e novamente entrar na caverna, encare
isso de outra forma, com respeito, aceitação e amor. Pois é um momento todo
seu, de mais ninguém. E diga: “e lá vou eu, visitar minhas profundezas, minhas
tristezas, minha dor, minha sombra”.
Não estou dizendo para ninguém
largar seu remédio de tarja preta neste momento. Mas que se comece a refletir
sobre isso que escrevi. E que comece a procurar um caminho que você consiga
chegar até sua alma, e em tudo que ela representa e traz.
E a “depressão” vai sumir?
Não, ela não vai nunca sumir.
Você só vai aprender a lidar com ela.
Existem terapias e vivências nas quais você tem um despertar da alma; Reiki, Constelação Familiar, Mandala de Tara, Círculos
de Mulheres, Danças femininas.
Experimente-as!
Aos poucos, em dose lenta, em
ritmo Yin, ela irá se afastar, adormecer, dando
lugar a consciência da sua alma.
Aí você pode me dizer neste
momento: “Isso não é fácil!!!”
Parafraseando uma grande Guia
Espiritual, Prema Dasara, eu respondo: “E quem disse que seria fácil?”
Apenas tente!
Dê essa chance a você!
Beijo de luz e sombras
(re)aprendendo a amar
Numa enxurrada de imagens, livros, atitudes e
dicas, hoje em dia a mulher se encontra num triste dilema: entre se amar e amar
seu parceiro.
No meio de tantas terapias, que ensinam a você se amar em
primeiro lugar (realmente isso é necessário) parece que se esquecem de falar
que amar é algo inerente ao ser humano, que estamos aqui para isso.
Você precisa se amar para amar. E é isso!
Simples assim.
Mas siga até o final da frase: Ame!
Outro dia ouvi de uma amiga que mencionava
aterrorizada a cena que viu uma das suas amigas fazer, “nossa, ela serviu o
prato do marido primeiro, isso é inaceitável”.
A bolacha que então passeava
pela minha boca não desceu, empurrei-a com força e saiu uma voz sumida, “eu às
vezes faço isso...”, admiti.
Durante quase dois anos, fui mediadora de um
Círculo de Mulheres, e estas que eu estava conversando neste momento faziam
parte do meu círculo.
Então vocês imaginam qual foi a surpresa
quando a sentença “eu faço isso” saiu das minha entranhas, mesmo que tímida.
E elas imediatamente se consertaram!
“Sim, sim, é normal, mas certamente é quando a
mulher faz isso sem ser obrigação.” Os olhos das duas pausaram na xícara do
café.
Mas seria diferente?
Eu sei que muitas mulheres fazem por isso obrigação.
Ainda há muitas que “servem” (leiam também no sentido amplo da palavra) o
marido, ainda banhadas pela tradição machista que perdura até hoje.
Mas isso
não quer dizer que tenhamos que levantar uma bandeira e queimarmos os nossos panos
de prato e endurecer nossos corações.
Precisamos sim é (re)aprender a amar, sem que
isso nos cause dor e humilhação (mesmo porque não há coesão entre estes “sentimentos”
com o amor).
Amar tem isso sim de ser gentil e entregue.
Tudo que é feito com amor vira “o servir” um gesto de carinho e cuidado.
Se não me fiz entender, peço desculpas pela minha
falta de jeito com as palavras.
Mas trago a cadência poética de Adélia Prado
para sustentar o que quero dizer.
Com vocês, o poema em ritmo de entrega da minha
amada Poetisa:
Casamento
Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Adélia Prado
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.
Adélia Prado
E é isso!
Beijo literalmente amorosos
O Tempo e a fuga
Vivemos
num mundo de aparências. Certo!
Isso
todo mundo sabe.
Só
quero que antes de você ler este texto, olhem esta foto.
Não
subestime a simplicidade dela, olhe com tempo, com calma, observe-a, veja os
contornos, a luz, as cores.
O
que você vê nela?
Que
sentimento ela brota em você?
O
faz essa foto ser tão especial?
Primeiramente,
peço desculpas ao autor da foto pela não referência ao seu nome. Eu a recebi
numa das postagens no facebook, e não havia autoria do fotógrafo.
O
que vi foi um intenso e profundo meio de mostrar a nossa passagem neste mundo
com apenas uma imagem simples.
Não
só a efemeridade da vida que está extraordinariamente expressada na imagem, mas
sim porque muitos de nós (e me incluo nisso) queremos parar nas folhas verdes
como se o “verde- juventude” fosse o único momento de felicidade da nossa
existência.
Sim,
e quem vai mentir e desdizer que ser jovem é uma maravilha. É uma das fases
mais lindas da nossa vida, porque é nela que estamos numa verdadeira “erupção
vulcânica”.
Somos
fogo, ar, terra e água numa intensa ebulição. Tudo podemos, porque temos tempo,
porque somos jovens.
Mas
a sabedoria que tanto procuramos está exatamente nesta foto.
A
aceitação de que vida passa, que o fogo se torna brasa até virar carvão. Que a
água se evapora, que a terra não mais produzirá, que o vento se cessará e que,
apesar de tudo isso, há beleza nesse caminhar da vida-morte-vida.
Mas
é difícil, é difícil ...
mas não impossível.
Clarissa
Pinkola Estes já nos diz no seu livro “Ciranda das Mulheres Sábias”,
“Ser jovem enquanto velha, velha enquanto jovem”.
E
é isso! Esse é o segredo.
Não
o segredo da juventude, mas sim da vida, da sabedoria que corremos atrás. É
essa mixagem, essa oscilação entre juventude e velhice, inocência e esperteza, luz
e sombra, do sorriso e da carranca... da vida e da morte que trazemos dentro de
nós, o tempo todo.
E
que venha a vida
E
que se aceite a morte
E
que venha a vida
E
que se aceite a morte
E
que venha a vida...
Mulheres Sonoras
A audição é um “pouco” desprezada
quando falamos de sexualidade. É interessante como este sentido é desenvolvido
em nós seres humanos. Sei que muitos cientistas afirmam que a visão é o nosso
sentido determinante.
Aí vêm aqueles jargões: “nós
comemos com os olhos”, “o que o os olhos não veem o coração não sente”, etc. E
nos bombardeiam com imagens eróticas, sensuais, filmes pornôs, de como tudo isso
nos excita, etc e tal.
Pois eu acredito veemente que a mulher é ser um auditivo.
Somos “musical”. Choramos, rimos, dançamos quando nos tornamos ouvidora dos
nossos anseios ou apenas ouvindo uma combinação
harmoniosa e expressiva de sons.
E posso garantir que tivemos até mesmo um fascinante orgasmo
ouvindo uma música sexy que nos levou a imaginar cenas indescritíveis (se
lembrou?).
Qual de nós mulheres não foi
tiete enlouquecida de um cantor famoso?
Qual de nós não se apaixonou
loucamente por um cantante do bairro
(ou vários)?
Qual de nós não entrou num
barzinho, e lançou um olhar voluptuoso para o músico que nem era tão bonito
assim (você na verdade nem se lembra do instrumento, mas sim de sonoridade
sensual com que ele o “tocava”)?
Qual de nós não ligou um dia para
a alguma rádio (se não o fez, faça!) e falou direto com o locutor e,
descabelada, de meia, camiseta e calça larga, se posicionou melhor e entrou no
jogo audível sensual que é conversar com um deles?
Pincelo aqui o Mito da Psique,
que se entrega às escuras ao seu sonoro amante Eros (sim, porque antes do
“tato”, certamente Eros a envolveu com sua voz).
No meu livro, Brumas da Ilha,
uma das minhas personagens favorita diz que o “A voz é tudo num homem. Enquanto tantas dão
valor a beleza e corpo, eu nomeio o som da voz a mais importante qualidade em
um homem”.
Concordo com ela.
Percebemos mais os sentimentos
pelo sentido da audição. Somos escutadeira
de nascença. A mulher que possui o conhecimento do seu poder (corpo) sabe
disso.
Está na hora de a mulher dar mais
atenção a este sentido. E é fácil despertá-lo, pois ele nos é iminente. Busque
a sonoridade em sua vida, dê menos prioridade a visão.
Deixe por alguns dias de ver
novela, filme, séries; ouça mais música, os sons do mundo, o falar das pessoas,
deslize pela sua música interna. Sejamos mais sonoras.
Deito aqui a poesia que mais me
identifico, de Lya Luft
Guardei-me
para ti como um segredo
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.
É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei.
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.
É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei.
Lia
Luft
Ps: espero que vários homens
leiam este artigo.
Foto: Luiz Nepomuceno Esso Alencar
Centro de Parto Normal - uma nova esperança
Hoje recebi
uma pequena revista de um dos candidatos a prefeito no município onde moro.
Não, não se preocupem,
não vou fazer campanha, nem mesmo vou mencionar o nome do candidato. Mas deixo
aqui meu contentamento ao ver o programa de governo que ele pretende implantar,
principalmente quando vi a sigla CPN (Centro de Parto Normal).
“O
diferencial desses locais será o ambiente que oferecera bem-estar e
tranquilidade às gestantes. Ali, serão elas que escolherão a melhor maneira de
dar à luz, sempre de forma natural, sem uso de medicamentos e com a presença
dos acompanhantes de sua preferência. As
unidades terão como prioridade a humanização no atendimento. Em geral, os CPNs
serão liderados por enfermeiras-obstetras que conduzirão o trabalho de parto”,
diz a proposta.
Sim, não
serão parteiras e doulas... mas já é um bom começo, não acham?
O importante é a criação de uma espaço que seja propício para o momento que todos nós seres humanos viemos ao mundo.
Como disse a coordenadora de parteiras tradicionais do Brasil, Suely Carvalho, numa das íntegras e esclarecedoras palestras do evento "A Voz das Avós" (Brasília, 2011), "hospital é lugar para os doentes, os enfermos, não para o nascer de uma nova vida".
Espero que
realmente este candidato vença... e que principalmente cumpra a sua proposta.
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