Ilhas de brumas


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  Ilhas de brumas





(...) minha avó tirou um fumo de corda do bolso da saia,
enquanto o enrolava calmamente,
pediu-me para que eu abrisse a janela.
Nada dava para ver, mas sabíamos que a Ilha do Corvo
estava lá, protegida por suas brumas misteriosas
num perfeito véu nebuloso.

(Brumas da Ilha,  2017)




Névoa, nevoeiro, cerração, neblina esses os nomes pelo quais conhecemos  essas  misteriosas e envolventes gotículas de água que criam um véu diminuindo a visibilidade; um fenômeno da natureza (e dos Elementais).

No entanto, a bruma compõe-se de partículas de água suspensas que são um pouco maiores do que as partículas do nevoeiro, porém menores do que as gotas de chuva fina. É como se fosse um fenômeno específico para um determinado propósito.

O termo brumas  é utilizado para indicar nevoeiro no mar, ilha e litoral. No sentido figurado da palavra, brumas significa que algo se torna incompreensível aos olhos da razão, ou seja, algo que você precisa ver com os olhos da alma, da intuição.

Na etmologia, brumas vem do latim brumae que quer dizer Solstício de Inverno, propriamente significa o “dia mais curto do ano”, a estação na qual o corpo e a alma se recolhem para dentro de casa; para nos aquietarmos, agradecer, refletir sobre todo o ciclo que se passou e guardar energia para o novo caminhar (pelo menos era assim que deveríamos fazer).

Quando iniciei os escritos do livro Brumas da Ilha, eu não sabia que o título seria esse. Claro que a saga As Brumas de Avalon, de Marion Zimmer,  foi umas das grandes referências para então iniciar a história sobre as Mulheres intituladas de bruxas na Ilha de Santa Catarina, nossa querida e velha Nossa Senhora do Desterro.
No entanto, o título realmente surgiu quando comecei a pesquisar sobre  o Arquipélago dos Açores e soube que as nove Ilhas eram conhecidas como Ilhas de bruma, dentre as quais a mais fortemente, a Ilha do Corvo.

Ao chegar na Ilha do Corvo, dentre as minhas pesquisas virtuais, simplesmente senti um fascínio e uma saudade visceral. No oceano, uma pequena Ilha, uma cratera vulcânica onde há um lago, menos de 500 habitantes, isolada e quase esquecida do mundo.

Na época das navegações, era conhecida como a Ilha Misteriosa, pois durante quase todo o ano uma densa névoa a envolvia. Alguns navegadores passavam sem ao menos saber que ali havia terra. Para alguns pesquisadores, a Ilha do Corvo tem uma conexão com Avalon, e consequentemente, com a Ilha de Santa Catarina.

Para mim, estava muito nítido. Eu havia encontrado (inconscientemente) uma Rota Sagrada entre a lendária Avalon, o Arquipélago dos Açores e a Ilha de Santa Catarina. Nesta jornada Sagrada, também entram os caminhos do Norte de Portugal e Galiza. Sinto que quando vejo as brumas em algum lugar, sei que um véu de proteção para algum portal, para uma outra dimensão está sendo aberto.

 Água, o elemento feminino, silêncio, pausa, escuro, úmido, espera, magia e encantamento.

Lembro-me do lançamento da 1a Edição do Brumas da Ilha,  em 27 de agosto de 2010 no Shopping Iguatemi. Um denso nevoeiro cobriu toda a Ilha. Minhas amigas me ligavam, enviavam mensagens eufóricas perguntando o que estava acontecendo com a Ilha: ela estava coberta por uma névoa densa, brumosa.
Eu apenas respondi: “... são elas, saindo do livro....não consigo mais segurá-las”.
“Elas quem?”, perguntaram-me ansiosas.
“Vocês irão saber”, emocionada finalizei a mensagem.

Ainda hoje me emociono com a história que veio até mim. Brumas da Ilha trouxe a  história da nossa Ancestralidade. Sinto que quando alguém abre o livro, em algum lugar desse planeta, um portal se abre em brumas
E assim é.













 Beijos em brumas