(como foi o processo de criação da continuação do Brumas da Ilha)
Amo Monstros.
Explico-me.
Nasci em uma família de núcleo
feminino.
Mãe Laide: ávida leitora e a melhor e
mais fantástica Contadora de histórias que conheci.
K. , irmã mais velha: uma desenhista e
fotógrafa fabulosa.
Wal, irmã do meio: cantora, compositora
de músicas que arrepiam a alma.
Eu cresci em uma alegre Casa Laranja,
onde nem a morte de meu querido Pai foi capaz de diminuir tamanho amor da qual
fui nutrida.
Mas até nos ajustarmos, foi difícil (e
ainda é).
A morte sempre causa uma grande
desestruturação em uma família, porque não há resgate físico a fazer como no caso
de pais separados.
Na morte de um dos pais, o resgate só pode ser feito no
emocional-mental-espiritual.
E até nos darmos conta disso, nos
machucamos muito e muitas feridas foram abertas.
Porém, eu creio que todos nós estamos
exatamente nas famílias que devemos estar.
Talvez esse tivesse sido o meu destino,
ser criada somente por mulheres, sem a intervenção masculina. Eu realmente não
sei. Mas compreendo, aceito e agradeço.
Eu havia sido parida de um ventre
magnificamente amante da imaginação. Uma mulher que me ensinou a ouvir a Lua, a
ver monstros e gargalhar em filmes de terror.
Uma mulher que já sabia que Renato Russo
se consagraria um líder musical dos anos 80 no primeiro clipe exibido na Globo.
Uma Mulher que ao acordar, na mesa do
café, o primeiro assunto a ser trazido era Sonhos.
“O que vocês sonharam?”, sua voz
perguntava a enfatizar o pronome “você”.
E nosso café era regado a relatos
oníricos...
E monstros eram amados como anjos; falar com e de espíritos era algo normal e ver filmes de lobisomens, bruxas e vampiros eram o maior divertimento.
E ela
ria, brincava e se fascinava com nossas expressões.
E os monstros faziam parte da nossa
vida.
Monstro da Lagoa (nosso preferido),
Monstro da Caverna, Monstro das Dunas, Monstro alado.
A infância é a parte mais maravilhosa da
nossa vida. É quando somos inteiros!
Quando o sistema em que vivemos insiste
em nos despedaçar, trazemos a nossa criança rapidamente. Então, essa criança
pode surgir muito alegre ou muito ferida, mas ela sempre tentará nos lembrar
dos nossos sonhos....cabe a nós lhe dar ouvidos ou não.
E eu sempre amei Monstros!
Filhas da Lua
surgiu do pedido dos muitos leitores do Brumas
da Ilha.
Por mais que eu havia deixado uma margem
para a continuação do enredo,
eu realmente não sabia o que fazer... ou melhor o que
escrever.
E eu sempre amei monstros...
Em 2011, sentada em um restaurante,
observei que havia um numerador de mesas.
A minha era o número 13. Era um toco
de madeira, um pequeno triangulo no qual havia a seguinte figura grafada em
preto:
Um corpo de uma mulher esguia
representava o número 1 e o corpo de um
monstro (dragão) representava o número 3. Os dois estavam frente a frente, numa
linda simbiose.
Meus olhos cravaram naquela rústica
arte. Não mais comi. Fiquei olhando, vendo, imaginando... enquanto toda a
história de Sofia e Daemon (as personagens do livro) inundavam meu
coração.
Eu precisava daquela imagem. Perguntei a
uma das proprietárias, Ariadne, quem havia criado aquela imagem. Ela sorriu-me:
“eu”.
E foi dali que eu soube que ela era uma
ceramista, dona de artes lindamente incríveis. Eu a ouvia, mas meu coração
pulsava para aquela pequena, rústica e magnética imagem.
A sensível Ariadne com certeza deve ter
notado. Ela com seu meiguice doida apenas me disse: “leva pra ti.”
Meus olhos se acenderam, porém no início
relutei.
“Eu faço outro”, e colocou o pequenino
objeto dentro da minha bolsa.
O adulto em mim dizia ser loucura trazer
um monstro marinho para dentro do livro que todos os leitores aguardavam
ansiosos. Brumas da Ilha estava já a se tornar uma referência da história mais verossímil sobre as “bruxas” de
Desterro.
Mas uma voz selvagem, inocente,
incorrigivelmente sonhadora clamava
dentro de mim.
“Escreva sobre os Seres encantados, não
tenha medo... apenas nos traga de volta.”
“Mas vão me chamar de maluca,” respondi
temerosa.
“Traga-nos de volta, vivifica-nos
através da tua escrita feminina”, a voz insistia.
Foram dois anos de muita emoção. O processo
de criação do livro Filhas da Lua
foi
totalmente diferente do Brumas da Ilha.
Brumas foi dolorido
porque eu ainda não estava preparada para ser um canalizadora de memórias.
Muito choro, muita transmutação de dores, muito sonambulismo, acordava com capítulos inteiros na mente e
corria para o computador registrar para não ficar com muita coisa na cabeça.
Quando o livro ficou pronto, eu me vi fraca e exausta.
Filhas da Lua foi diferente. Era a
criança, a menina moça que me provocava a contar uma história cheia de magia e
encantos. A personagem que agora se apresentava era atrevida, selvagem e
esperta.
E havia ele.
Daemon...
Eu o trouxe do fundo da Lagoa.
Ele é verdadeiro. Existe.
Coexiste em nossa dimensão, só que de
outra forma.
Em 2016, conheço a artista plástica
Andrea Honaiser.
Eu já não tinha mais o pequenino objeto
de madeira que trazia a grande arte de Ariadne.
Mas há entre eu e Andrea
uma conexão muito forte. Há uma leitura entre nossas artes.
Dei para ela o original do Filhas da Lua
e disse-lhe, “há alguém esperando para ser acordado”.
Ela disse, “eu sei. Vou ler e depois te
envio a imagem.”
__________________________________________________❤
Alguns dias atrás, entrei em contato com Ariadne Van Der
Line. Ela não acreditou quando lhe falei que aquele "toco de madeira" com a sua linda arte havia sido o despertar para que a história do Filhas da Lua surgisse como um rio límpido e fresco na minha mente, no meu coração. Ela não mais lembrava, mas insisti e fiz de tudo para reavivar sua memória. E deu certo!
Ela depois de alguns minutos me enviou um esboço no papel.
E aqui estão, as duas imagens.
A versão de Ariadne, do qual tudo se criou, e a versão amorosa de Andrea Honaiser.
Gratidão imensa
Eu só tenho que agradecer por tudo. A cada pessoa que surgiu no meu caminhar (navegar), agradecer a essas duas lindas Mulheres.
Em especial também, ao meu querido amor e parceiro, Maurício (Mau), por fazer com que esses livros cheguem exatamente onde precisam estar.
Desejo aqui também agradecer ao artista plástico Luis Nogueira (Lisboa, Portugal) por novamente ceder os direitos autorais de uma das suas belíssimas obras; essa agora é Moonlight Sailing (óleo sobre tela). E não poderia ser diferente. Luis Nogueira faz parte e sempre fará dos meus livros.
Desejo aqui também agradecer ao artista plástico Luis Nogueira (Lisboa, Portugal) por novamente ceder os direitos autorais de uma das suas belíssimas obras; essa agora é Moonlight Sailing (óleo sobre tela). E não poderia ser diferente. Luis Nogueira faz parte e sempre fará dos meus livros.
Entre sonhos e sorrisos, minha criança pede para a sua criança sorrir.
Acordemos !
E aqui está ele. Daemon, o Monstro Marinho ❤
Sofia e Daemon por Ariadne Van Der Line
Sofia e Daemon por Andrea Honaiser
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Gratidão ❤