Há tempos venho sondando livros que falam de como superarmos
crises, doenças, etc e tal.
Alguns são os famosos livros de autoajuda. Como sou da área de
Letras, sei que para muitos profissionais desta área (amigos meus), o termo
“livros de autoajuda” soa como antiliterário, e para alguns, mais enfáticos e
rudes, chegam a denominá-los de antilivros ou até mesmo lixo.
Mas voltemos aos livros de autoajuda.
Gosto deles. De alguns deles.
Em um deles encontrei a sugestão de limparmos nosso
altar (alma, essência).
Ótimo. Gostei da dica.
Limpar... Sim, limpar a sujeira que você mesma fez na sua vida.
Limpar os sentimentos ruins, ilusórios, etc e tal.
Bom...
E por que todo o lixo é algum ruim?
Não há o lixo que vira adubo?
O lixo orgânico que tantos falam?
Podemos ter gerado esse lixo orgânico em nós mesmos?
Podemos.
E esse não é para limpar, porque ele não de todo ruim. Muito
pelo contrário, transmutando-o de maneira correta, ele vai sim fertilizar o
solo da Alma. Ele nos fortalece.
Hoje conversando com minha terapeuta, enquanto eu derramava os
meus sentimentos de culpa e vergonha, ela apenas repetia, “naquele momento você
fez o que achava ser o melhor.”
Enquanto as lágrimas caiam, ela apenas pronunciava, “você deu o
melhor de si. Amou com intensidade. Se entregou por inteira. Muitas pessoas não
conseguem fazer isso na vida, preferem viver na superficialidade por puro medo.
Você foi fundo, mergulhou. Saiu machucada? Ok, leve isso como aprendizado, mas
jamais como erro e culpa.”
Na verdade, sabemos disso. Mas, às vezes (leia geralmente),
precisamos de alguém para nos lembrar de nós mesmos.
Erro e culpa realmente são lixos que devemos limpar.
Entrega excessiva e amar o outro antes de amar a você mesmo são
sentimentos que precisam ser ajustados, são “lixos” orgânicos que fazem parte
da essência e que, bem aplicados, irão fortalecer e adubar o corpo e a Alma.
Esse é o equilíbrio, o caminho do meio, o começar de
onde você está.
É o respeitar o seu lixo, a sua sombra, a sua lama, o seu
pântano.
E tudo mais é Luz em você.
Beijos perecíveis
Obras produzidas pelo magnífico
projeto do artista Vik Muniz com os catadores de recicláveis do Jardim Gramacho
(Lixão), no Rio de Janeiro. Clique aqui para ver o documentário completo Lixo Extraordinário deste
significativo trabalho.