Chega
um momento em nossas vidas que precisamos ficar sozinhas, em plena quietude.
Adiar esse momento só nos causa dor e nos deixa desnorteadas.
Quietude. Solicitude. Paciência.
Olhar para si mesma e não ter medo do que vai ver.
Mudar o que precisa ser mudado. Aceitar o que precisa ser
aceito. E o discernimento para saber a diferença entre os dois.
Sabemos que precisamos encerrar um ciclo quando já passamos
tempo necessário dentro dele, quando percebemos que as lembranças já estão
ficando gastas demais, e que relembrá-las faz com que a dor não queira ir
embora.
Nós mulheres estamos acostumadas a um romantismo enraizado
por filmes e romances, onde a mulher sempre espera para ser “completada”. As
protagonistas sofrem, choram, e a busca sempre termina na recompensa: se casam
ou encontram o parceiro “ideal”.
Não estou levantando a bandeira das mulheres solitárias.
Sem dúvida, ter um parceiro que nos ame e respeite é um presente, mas isso só
vai acontecer quando nós mesmas nos respeitarmos. E, principalmente, quando não
tivermos medo de passarmos um tempo sozinhas.
Não é muito fácil desconstruir tudo que nos ensinaram
nesses longos séculos. O termo “alma gêmea” me dar arrepios, e confesso que
fico indignada com certos livros de auto-ajuda.
Somos seres completos. Não há “metade da laranja” para
procurar. Não há nada lá fora que não esteja dentro de nós mesmos.
Na busca de homens e coisas, corremos os riscos de esquecer
nossa Essência Divina. E para reativar essa consciência, às vezes, caímos em
certos vales da vida. E se resistimos, permaneceremos por um bom tempo nesses
vales.
Silêncio.
Quietude.
Solicitude.
Palavras que gostamos de ler, de ouvir, mas temos uma certa
resistência em aceitá-las em nossa vida como um tempo de cura, um necessário
tempo de auto-reflexão. Vivemos em um mundo onde os lemas são: “Mantenha-se
ocupada”, “Viva a vida”, “Não espere acontecer, faça acontecer!”, “Não perca
tempo!”
No entanto, é preciso quietude. Água parada.
Um velho provérbio africano diz, “você não pode ver o seu
reflexo na água corrente”.
É preciso que tudo mais pare completamente na sua vida para
que você possa dar uma olhada geral no que você fez ou deixou de fazer.
Eu gosto de chamar essa situação de olhar com “Olhos de Ave de Rapina” .
Aves de rapina têm uma visão maravilhosa, pois é uma visão
ampla, de caçadoras. Elas vêem, analisam, miram, focam para só depois atacarem.
É preciso saber quando temos que olhar nossa vida como os olhos da verdade, os olhos do discernimento, no qual despertamos a capacidade de usar essa visão para ter uma percepção profunda e espiritual de nós mesmas.
É tempo de olhar de frente, profundamente.
Sem medo do que vai ver.
É tempo de você!