Há cinco anos quando eu dizia que não tinha televisor em
casa, as pessoas quase davam um treco.
“Como não tem televisão?”, perguntavam aterrorizadas.
“Na hora em que eu chego em casa, é a primeira coisa que
faço: ligo a televisão”, contestava uma outra.
“A televisão me faz companhia”, escutei de uma colega.
Hoje as pessoas aceitam com mais facilidade, talvez porque existe a internet. Sim, graças hoje
podemos escolher o que ver e não ser entupido de programas e propagandas que nos fazem comprar o que não queremos, novelas que nos fazem ainda viver
nos velhos pensamentos que só atraem briga, discórdia, vingança e desamor para
nossas vidas.
Nunca fui televisiva.
Detestava quando minhas irmãs davam mais atenção para a televisão do que pra
mim (sou a caçula de uma família só de mulheres).
Eu esperava o intervalo de algum filme ou novela para ouvir
as histórias encantadas que minha mãe contava. E até hoje prefiro suas
histórias a massiva imagem que sai daquela tela.
Já falei que nós mulheres usamos mais a nossa audição do que
a visão (leia Mulheres Sonoras), e cada vez vejo mais e mais mulheres se
libertando da casca grosseira que nos foi imposta por um sistema doentio.
Vejo homens querendo mudar, entrando na dança da vida, da
Terra, da Lua, do Sol.
Era 06h15 quando fui acordada com um beijo (sempre),
“a Lua está linda, iluminando todo o quintal”, ele falou.
“mas ela tá Minguante...”, refutei.
“mas Ela está lá, iluminando tudo”, ele repetiu.
E ele sorriu. Sorriu porque sabia que eu não iria aguentar,
que mesmo com um frio de 6 graus ele sabia que eu iria levantar e procurá-La no
céu.
E lá estava Ela, linda, côncava, serena, gentil, a mergulhar
na sua própria escuridão.
E um pouco mais abaixo, perto do rio, nos alongados galhos
da amoreira um sossegado porco-espinho (Joca é seu nome) degustava seu delicioso
café da manhã, brotinhos das folhas.
Um farfalhar de passarinhos me sorria bom-dia, enquanto
minha gatinha acabava de chegar da “noitada” com um rato morto na boca (risos).
E ainda me perguntam por que eu não tenho televisão?
Eu devolvo, “Pra que ela
serve mesmo?”
Beijos lunares